14/07/2012

Texto: A colheita




A colheita - Cris Guerra
O amor é fruto naturalmente doce!

Eu procurava o amor em jardins de cactus. 
Vinha buscando o fruto em árvores erradas, e 
nas mordidas sentia o gosto azedo, que 
amarga no fim da boca. Colhi amores 
podres, comidos pelo tempo e dor. 
Foi preciso paciência – e um outro tempo – 
amadurecendo um fruto para colhê-lo 
doce, suave, terno e delicado. Simples 
como naturalmente é. Eu imaginava 
haver segredos por trás dos espinhos. 
Mas é puro acaso que amores e espinhos 
se encontrem em botões abertos ou fechados.
 A rima entre amor e dor é armadilha. 
O verdadeiro fruto está ao alcance das 
mãos – mas é tão rasteiro, que quase não 
se vê. É preciso passear sem fome para 
enxergá-lo redondo, vermelho. 
Para então mordê-lo distraído 
como numa tarde de chuva.

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